quarta-feira, 21 de março de 2012

Análise ao poema "O Quinto Império"

O poema da mensagem que me foi dado a analisar destaca uma ânsia de surgimento do Quinto Império e critica todos os que não sonham “sem que um sonho …/ Da lareira a abandonar!”, logo aqueles que se acomodam a uma vida linear.
Este poema insere-se na terceira parte da mensagem, “Encoberta”, a parte em que o misticismo e o mito sebastianista estão presentes mais fortemente.
O poema pode-se dividir em três partes lógicas.
A primeira parte engloba as duas primeiras estrofes e nelas o poeta lamenta e critica aqueles que se contentam em sobreviver “viva a vida porque a vida dura”, aqueles que não têm objectivos “Nada na alma lhe diz” e vivem felizes porque são inconscientes.
A segunda parte é constituída pela terceira estrofe, na qual o poeta destaca a fugacidade do tempo “Eras sobre eras se somem” e a noção do que o verdadeiro homem deve ser descontente “ser descontente é ser homem”, pois só assim evoluirá.
A terceira e ultima parte, que termina com a conclusiva “E assim” refere que, após os tempos vividos, os tempos de sonho “tempos do ser que sonhou”, um novo brilho virá “Do dia claro” e esse brilho mostrará novo império, “o Quinto Império”, fazendo ressurgir os ideais de D. Sebastião. Nesta estrofe destaca-se o mito de D. Sebastião como solução para os problemas de um Portugal cinzento, acomodado e triste.
Externamente o poema é constituído por cinco estrofes, que são quintilhas, de esquema rimático a/b/a/a/b, logo são rimas cruzadas e interpoladas, de sete sílabas métricas
logo são redondilha maior.
O poema inicia-se com um oximoro dos versos um, dois e seis, que destaca o absurdo dos que satisfazem com uma vida vulgar. Na terceira estrofe a repetição “Eras sobre era …/ No tempo em que eras vem.” Destaca a passagem do tempo. Encontramos também uma antítese em “Do dia claro/ Da erma noite” que nos remete há escuridão do desconhecido “erma noite” em contraste com a luminosidade do saber “Do dia claro”.
Na ultima estrofe há ainda a enumeração “Grécia, Roma, Cristandade/Europa” que aludem a uma continuidade que terá, fim mas que será suplementada pela “verdade” que é o mito Sebastianista.
O poeta termina com uma interrogação retórica, o que torna o mais reflexivo.
Como poema inserido numa obra de carácter épico-lírico, o Quinto Império remete para a necessidade de mudança, trazida por D. Sebastião, mas apresenta um tom subjectivo de análise àqueles que se acomodam, logo um tom critico.
Como característica do modernismo, período a que a obra pertence a este poema é vago, subtil e complexo apresentando uma linguagem simples, abundante pontuação, o que o torna cerebral.
Em conclusão, o poema remete-nos para uma reflexão profunda sobre a importância do sonho e o que dele advém, levando a criticar aqueles que se contentam com uma vida vulgar, com o mínimo da sobrevivência sem terem sonhos de uma vida maior e melhor, pois o sonho comanda a vida e só com o sonho há evolução.
Pessoa anseia por D. Sebastião enquanto símbolo da grandiosidade cultural de um povo.